quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Japão: primeiras impressões

Estou no Japão! Mais precisamente em Kyoto, antiga capital do país. A cidade é um amor, e o bairro histórico onde estou, Gion, parece saído de um filme. Tudo é muito limpo, muito arrumadinho, com ruelas minúsculas e um riozinho com chorões nas margens. Chegar aqui foi mais fácil do que eu imaginava. O voo de Bangkok foi super tranquilo. Depois que desci no Aeroporto de Narita peguei um trem até Tóquio (uma hora e meia de trem) e depois outro trem até Kyoto (três horas). Apesar de não falar nada de japonês e ver poucas instruções em inglês foi relativamente fácil pegar os trens. O único susto aconteceu logo no aeroporto: meu cartão do banco não funcionou nos caixas eletrônicos! Confesso que na hora me bateu um pavor, mas depois consegui usar o cartão de crédito para tirar dinheiro. 

Em Kyoto, o que não faltam são templos, santuários, palácios e prédios históricos para visitar. Ontem dei uma volta pelo parque Maruyama, onde estão o Yasaka Shrine e o templo budista Chion In. Hoje visitei o Castelo Nijo e o Palácio Imperial. Os prédios são muito legais, mas o mais interessante são os jardins e hoje a luz estava especialmente bela, como nas fotos abaixo, no Castelo Nijo.



Está sendo muito tranquilo me movimentar por aqui e hoje até andei de metrô sem muitos problemas, mas inglês só se vê em placas e indicações muito essenciais. Nos lugares que visitei (todos bastante turísticos), muitas informações só em japonês. A maioria dos turistas, aliás, parece ser de japoneses, tenho visto poucos ocidentais.  Nas ruas e lojas, todo mundo tenta falar comigo em japonês, mesmo eu sendo obviamente ocidental e deixando claro que não sei a língua. Eu sorrio e sigo. Até agora está funcionando. No hotel onde estou hospedada tem manual de instrução para usar o controle remoto da TV, que é um labirinto de símbolos japoneses. Aliás, na TV só tem canal em japonês, nenhum internacional...

O tempo aqui está ótimo, uns 18C durante o dia e 13C à noite. O ruim é que escurece pelas 17h. Ainda não fiz muitas compras e não vi nenhuma loja de eletrônicos por aqui, mas há boas roupas de inverno e muita bugiganga. 

Amanhã, o plano é ir até Nara, cidadezinha que fica aqui perto e também foi capital do país.

sábado, 27 de outubro de 2012

Bangkok, que cidade...

Estou encantada com Bangkok! Que cidade incrível. Não sabia bem o que me esperava por aqui e confesso que o Sudeste Asiático não me animava tanto, mas estou muito, muito surpresa. Penso que minha experiência paquistanesa, em especial a viagem a Lahore, mudou muito minha visão de mundo e do que apreciar em uma cidade. É claro que Bangkok tem um trânsito terrível (afinal, é uma metrópole de 14 milhões de habitantes) e o calor é massacrante, mas tirando isso é uma cidade vibrante, cheia de opções, com um povo muito simpático e comida fantástica. Come-se muuuuito bem por um ou dois dólares nos mais diversos restaurantes, ou em uma banquinha na rua. 

Estou no bairro de Sukhumvit e aqui é praticamente um shopping atrás do outro, com centenas de pessoas de um lado para outro, muito comércio de rua e um lindo trem aéreo que corta a cidade. A estrutura de tudo é muito impressionante, de deixar o Brasil no chinelo. 

Hoje de manhã fui no Chatuchak Market, um mercado gigantesco que funciona nos finais de semana. Achei que era um camelódromo no melhor estilo Feira do Paraguai, mas é muito melhor (minha irmã ia enlouquecer...). Encontra-se muita coisa de muito bom gosto, especialmente roupas, e preços ótimos. Ontem visitei os lugares mais turísticos de Bangkok: o Wat Pho, um conjunto de templos budistas, e o Grand Palace, que serviu de residência dos reis do Sião até 1925. É incrível a profusão de detalhes em cada construção. Impressionante. 

Aqui vão algumas fotos:





terça-feira, 23 de outubro de 2012

Rumo à Tailândia e ao Japão

Depois de quase cinco meses no Paquistão, amanhã vai começar a minha primeira viagem mais longa em terras asiáticas, cada vez mais em direção ao Oriente. Quem acompanha o blog sabe que estou indo para a Tailândia e depois para o Japão. No total, dezesseis dias entre Bangkok, Kyoto e Tóquio. Serão o sexto e o sétimo países que vou visitar em 2012: tudo começou na Inglaterra, depois veio Alemanha, Paquistão, Emirados Árabes Unidos e Sri Lanka. Nada mal, hein? Mas não para por aí! É bem provável que eu passe o final do ano em Moscou, debaixo de muita neve e quem sabe um pouco de vodka.

Vou mandando notícias aos poucos, mas para deixar vocês com água na boca, aqui vai uma fotinho do hotel em que vou ficar hospedada em Bangkok (os preços são ótimos e deixam minhas acomodações no Japão no chinelo):



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Sobre porcos e meninas

A boa notícia dos últimos dias é que está confirmada a vinda do meu pai e da minha madrasta para o Paquistão em fevereiro. Antes disso, no final de janeiro, vamos passar 10 dias em Istambul (estou animadíssima para Istambul!). Conversando com eles, fiquei pensando sobre o que eu gostaria que eles me trouxessem. Uma coisa que eu nunca vi por aqui é meia-calça. Parece estranho, mas acho que faz sentido porque a roupa tradicional das mulheres aqui é composta por uma calça e uma bata, ninguém usa saia. Por incrível que pareça, outra coisa que sinto falta aqui é sal e açúcar de qualidade. Tanto o sal quanto o açúcar são muito grossos e não dissolvem direito. As comidas em geral são apimentadas, mas têm pouco sal. Falando em comida, nada faz mais falta que queijo de qualidade e porco (e acredito que a imensa maioria dos estrangeiros que reside aqui vai dizer a mesma coisa). Eu nunca pensei que fosse sentir tanta falta de carne de porco, mas esse artigo é proibido no país, assim como em outros países islâmicos. O porco é considerado um animal sujo. 

Faz uma falta incrível não ter linguiça, salame, presunto. Uma das poucas coisas que eu trouxe quando voltei de Berlim foi justamente salame e queijo. Aqui tem bons queijos de cabra, mas queijo amarelo não tem, só parmesão. Faz uma falta danada. Vocês não têm ideia da alegria do pessoal quando vamos jantar na casa de alguém que tem um bom queijo e algum produto feito de porco. Portanto, lembrem-se, se vierem ao Paquistão, tragam porco! Precisamos urgentemente de um traficante de porco (ouvi dizer que isso existe no Irã. Sério.). O engraçado é que no Brasil eu não comia muito presunto ou bacon, pois sempre preferi peito de peru. Mas, por alguma razão misteriosa, os produtos feitos com peru são horrorosos por aqui. Pode até ser que sejam saborosos, mas a cara não é nada animadora e por isso até agora achei melhor não experimentar.

Eu estava pensando sobre essas limitações na terça-feira de noite, quando aconteceu algo terrível não muito longe de Islamabade. Uma menina de 14 anos foi baleada por terroristas do Talibã paquistanês, que, orgulhosos da ação, assumiram a responsabilidade do ato. O motivo? A menina é conhecida nacionalmente por ter defendido nos últimos anos o acesso das mulheres à educação por meio de um blog. Os terroristas seguiram a van onde ela estava, perguntaram por ela e atiraram à queima-roupa. Não sei como ela sobreviveu, mas felizmente não corre mais risco de morte, embora siga internada no hospital. Os terroristas ainda disseram que atacarão de novo caso ela sobreviva. Esses grupos dominam o norte do Paquistão, as chamadas zonas tribais, onde o governo do país pouco ou nada tem de soberania. A justiça e o cotidiano são definidos nas jirgas, assembleias de anciãos. Não é muito difícil imaginar que são grupos extremamente conservadores.

Não é fácil viver num país onde meninas de 14 anos são baleadas por quererem ir ao colégio, mas como ainda tenho muito tempo pela frente por aqui... é melhor pensar que limitação mesmo é não ter carne de porco para comer no jantar.