domingo, 28 de abril de 2013

Myanmar, uma viagem no tempo

Acabei de voltar a Islamabade depois de duas semanas entre Myanmar e Bangkok. Myanmar, a antiga Birmânia, é um mistério que merece ser desvendando. Ou melhor, merece a tentativa de ser desvandado. Não imagino que eu tenha trilhado todos os segredos da antiga colônia britânica, mas foi uma viagem e tanto. Foi quase como voltar no tempo, visto que o país esteve praticamente fechado ao resto do mundo por cerca de 50 anos, até 2010, quando o governo militar caiu e o país começou a ser aberto ao turismo internacional. Já é possível ver muitas novidades em Yangon, a surpreendente ex-capital do país, como algumas torres residenciais, melhorias nas principais avenidas e um aeroporto internacional tímido mas bem ajeitado. O interior do país parece ainda parado no tempo ou num universo paralelo, com casinhas de bambu, pouca eletricidade, artefatos rudimentares (como teares do século 19 e abridores de garrafas de madeiras com pregos), quase nenhuma internet. 

O caminho que percorri (ao lado da guia local, uma americana e 12 australianos entre 19 e 71 anos) foi o seguinte:

1. Yangon, onde o destaque é o Pagoda Shwedagon, uma estrutura enorme que inclui esse pagoda central da foto e uma série de templos e santuários budistas.


As freiras budistas de Myanmar e o seu tradicional veste rosado

2. A segunda parada foi Mandalay, a segunda maior cidade e antiga capital do reino de Myanmar. Lá o ponto alto foi a visita à ponte U Bein, construída toda de madeira em meados do século 19, percorrendo mais de um quilômetro. No final da ponte, um bar tocava uma versão na língua local do Ilariê da Xuxa. 



3. Monte Popa, onde ficamos no melhor hotel da viagem e tivemos essa vista aí debaixo. Em cima do outro monte estava um templo chamado Taung Kalat e a visitação foi feita durante o dia mais sagrado do ano (o ano novo em Myanmar). Ou seja, a subida foi feita juntamente com milhares de peregrinos, o que me deixou um pouco nervosa (chegamos a perder um dos membros do grupo do meio do caminho). Monge com pedaços de bambu nas mãos tentavam conter a multidão aos gritos. Foi tenso, mas no fim deu tudo certo.


No topo do Taung Kalat, um monge budista falando ao telefone celular

4. Bagan foi a parada seguinte e esse lugar é muito, muito especial. Lá estão mais de mil estupas e templos.


5. Depois de Bagan, viajamos até Kalaw e iniciamos um trekking de dois dias, com direito a uma noite em um monastério budista sem água e luz. Foi divertido. No meio do caminho, vi cenas incríveis, como estas:



6. Depois do trekking, seguimos até o Lago Inlay, onde finalmente me senti no Sudeste Asiático, com direito a plantações de arroz e muita, muita água (até então, a maioria do panorama era de seca).



Pretendo fazer em seguida um post só com retratos do povo burmense, como o dessa menina que encontrei no caminho para algum templo. Esse lenço na cabeça que ela está usando é característico do grupo étnico Pa-O, um dos muitos que compõem Myanmar.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Primavera em Islamabade... e rumo a Myanmar

Nesses últimos dias acrescentei uma atividade ao meu dia-a-dia paquistanês. Comecei a aprender urdu, o idioma nacional do Paquistão e uma das tantas línguas faladas por aqui (basicamente, cada província tem uma língua "nacional" e outras faladas por grupos minoritários). O urdu é muito parecido com o hindi, língua mais falada na Índia, e é escrito em alfabeto árabe modificado, coisa que não estou aprendendo porque aí já seria muito para a minha cabecinha. O objetivo é principalmente conseguir ter algum tipo de conversação em urdu no ambiente de trabalho e quando saio para fazer compras.

É muito interessante aprender uma língua com um estrutura gramatical totalmente diferente das línguas latinas. Não existe pronome por exemplo. A estrutura é simplificada e existem poucos verbos irregulares. A ordem das palavras na sentença é bem diferente. Por exemplo:

A frase saaf panii fridge mein hai significa, literalmente, palavra por palavra, limpa água geladeira dentro está, ou melhor, a água limpa está dentro da geladeira. Como o fridge nessa frase, muitas palavras do inglês foram incorporadas ao urdu (car, pen, computer, etc). Como curiosidade, mesa é mez e camisa é kamiz, provavelmente por influência do árabe. 

Outra aspecto interessante é que o urdu é uma língua muito passiva. Assim, por exemplo, ao invés de dizer algo como "eu estou atrasada", no urdu traduzido literalmente seria "atraso ocorreu à mim", o que não deixa de ser uma maneira fascinante de ver o mundo.

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Minhas aulas de urdu serão, no entanto, interrompidas por duas semanas enquanto farei minha próxima viagem a partir dessa sexta-feira. O meu destino será Myanmar, a antiga Birmânia, também conhecida como Burma, que até 2010 esteve praticamente fechada ao turismo internacional por razões políticas internas. Vou com um grupo e vamos para a capital Rangoon (Yangon), Mandalay, Inle Lake e Bagan, entre outros lugares. Estou super animada, já me disseram coisas maravilhosas sobre o país. Essa foto é de uma das cidades que vou visitar, em Bagan: