sexta-feira, 10 de maio de 2013

Muitas faces de Myanmar

Conforme prometido, um post só com retratos do povo de Myanmar, um dos mais simpáticos e acolhedores que já conheci.









domingo, 28 de abril de 2013

Myanmar, uma viagem no tempo

Acabei de voltar a Islamabade depois de duas semanas entre Myanmar e Bangkok. Myanmar, a antiga Birmânia, é um mistério que merece ser desvendando. Ou melhor, merece a tentativa de ser desvandado. Não imagino que eu tenha trilhado todos os segredos da antiga colônia britânica, mas foi uma viagem e tanto. Foi quase como voltar no tempo, visto que o país esteve praticamente fechado ao resto do mundo por cerca de 50 anos, até 2010, quando o governo militar caiu e o país começou a ser aberto ao turismo internacional. Já é possível ver muitas novidades em Yangon, a surpreendente ex-capital do país, como algumas torres residenciais, melhorias nas principais avenidas e um aeroporto internacional tímido mas bem ajeitado. O interior do país parece ainda parado no tempo ou num universo paralelo, com casinhas de bambu, pouca eletricidade, artefatos rudimentares (como teares do século 19 e abridores de garrafas de madeiras com pregos), quase nenhuma internet. 

O caminho que percorri (ao lado da guia local, uma americana e 12 australianos entre 19 e 71 anos) foi o seguinte:

1. Yangon, onde o destaque é o Pagoda Shwedagon, uma estrutura enorme que inclui esse pagoda central da foto e uma série de templos e santuários budistas.


As freiras budistas de Myanmar e o seu tradicional veste rosado

2. A segunda parada foi Mandalay, a segunda maior cidade e antiga capital do reino de Myanmar. Lá o ponto alto foi a visita à ponte U Bein, construída toda de madeira em meados do século 19, percorrendo mais de um quilômetro. No final da ponte, um bar tocava uma versão na língua local do Ilariê da Xuxa. 



3. Monte Popa, onde ficamos no melhor hotel da viagem e tivemos essa vista aí debaixo. Em cima do outro monte estava um templo chamado Taung Kalat e a visitação foi feita durante o dia mais sagrado do ano (o ano novo em Myanmar). Ou seja, a subida foi feita juntamente com milhares de peregrinos, o que me deixou um pouco nervosa (chegamos a perder um dos membros do grupo do meio do caminho). Monge com pedaços de bambu nas mãos tentavam conter a multidão aos gritos. Foi tenso, mas no fim deu tudo certo.


No topo do Taung Kalat, um monge budista falando ao telefone celular

4. Bagan foi a parada seguinte e esse lugar é muito, muito especial. Lá estão mais de mil estupas e templos.


5. Depois de Bagan, viajamos até Kalaw e iniciamos um trekking de dois dias, com direito a uma noite em um monastério budista sem água e luz. Foi divertido. No meio do caminho, vi cenas incríveis, como estas:



6. Depois do trekking, seguimos até o Lago Inlay, onde finalmente me senti no Sudeste Asiático, com direito a plantações de arroz e muita, muita água (até então, a maioria do panorama era de seca).



Pretendo fazer em seguida um post só com retratos do povo burmense, como o dessa menina que encontrei no caminho para algum templo. Esse lenço na cabeça que ela está usando é característico do grupo étnico Pa-O, um dos muitos que compõem Myanmar.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Primavera em Islamabade... e rumo a Myanmar

Nesses últimos dias acrescentei uma atividade ao meu dia-a-dia paquistanês. Comecei a aprender urdu, o idioma nacional do Paquistão e uma das tantas línguas faladas por aqui (basicamente, cada província tem uma língua "nacional" e outras faladas por grupos minoritários). O urdu é muito parecido com o hindi, língua mais falada na Índia, e é escrito em alfabeto árabe modificado, coisa que não estou aprendendo porque aí já seria muito para a minha cabecinha. O objetivo é principalmente conseguir ter algum tipo de conversação em urdu no ambiente de trabalho e quando saio para fazer compras.

É muito interessante aprender uma língua com um estrutura gramatical totalmente diferente das línguas latinas. Não existe pronome por exemplo. A estrutura é simplificada e existem poucos verbos irregulares. A ordem das palavras na sentença é bem diferente. Por exemplo:

A frase saaf panii fridge mein hai significa, literalmente, palavra por palavra, limpa água geladeira dentro está, ou melhor, a água limpa está dentro da geladeira. Como o fridge nessa frase, muitas palavras do inglês foram incorporadas ao urdu (car, pen, computer, etc). Como curiosidade, mesa é mez e camisa é kamiz, provavelmente por influência do árabe. 

Outra aspecto interessante é que o urdu é uma língua muito passiva. Assim, por exemplo, ao invés de dizer algo como "eu estou atrasada", no urdu traduzido literalmente seria "atraso ocorreu à mim", o que não deixa de ser uma maneira fascinante de ver o mundo.

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Minhas aulas de urdu serão, no entanto, interrompidas por duas semanas enquanto farei minha próxima viagem a partir dessa sexta-feira. O meu destino será Myanmar, a antiga Birmânia, também conhecida como Burma, que até 2010 esteve praticamente fechada ao turismo internacional por razões políticas internas. Vou com um grupo e vamos para a capital Rangoon (Yangon), Mandalay, Inle Lake e Bagan, entre outros lugares. Estou super animada, já me disseram coisas maravilhosas sobre o país. Essa foto é de uma das cidades que vou visitar, em Bagan:


terça-feira, 12 de março de 2013

Um casamento à paquistanesa

Um dos aspectos mais intrigantes do Paquistão para mim é a instituição do casamento e suas implicações na vida das famílias paquistanesas. Pela lei islâmica, o casamento é um contrato, chamado nikkah, e celebrado num único dia, mas a influência indiana fez com que as celebrações de casamento no Paquistão durem três ou quatro dias. Não vou listar os nomes de cada celebração aqui pois é grande a possibilidade de errar. Existem diversas tradições diferentes, mas em geral os principais eventos envolvem uma celebração entre as mulheres em que a noiva se despede da sua família e uma celebração entre os familiares do noivo que culmina com o noivo buscando a noiva na casa dela. Basicamente, o casamento na tradição paquistanesa é um contrato em que a família da noiva a entrega para a família do noivo, é um instituto de preservação da espécie e uma celebração da família e dos laços familiares. 

Ontem, fui convidada para participar do almoço que fecha as celebrações do casamento, o walima na tradição islâmica. É o banquete de casamento que ocorre após o nikkah. Foi uma situação um tanto inusitada considerando que se tratava de uma segunda-feira ao meio-dia. Os noivos chegaram com duas horas de atraso, e a maioria dos convidados também. Horário não é exatamente uma coisa que se leve ao pé da letra aqui no Paquistão. Depois da chegada, os noivos sentaram-se para tirar fotos com os convidados, que se revezevam no pequeno palco à frente do salão. Todas as mulheres estavam sentadas de um lado e os homens no outro lado (alguns casamentos têm incluisve uma separação física para que não haja contato entre homens e mulheres). Assim que o almoço terminou, os convidados se levantaram e foram embora. Não houve música ou qualquer outro tipo de celebração. Entre risadas, os paquistaneses me disseram que a maioria dos convidados estava ali para apenas almoçar mesmo e que a tradição era comer e ir embora imediatamente. 

Enquanto tomávamos o tradicional chá pós-refeição, paquistaneses presentes me contaram mais detalhes das festas de casamento. É costume, por exemplo, que a noiva permaneça sem sorrir ou expressar alegria durante as cerimônias, ela não deve sequer levantar os olhos durante as celebrações, em especial quando se despede da família. Após anunciado o noivado, os noivos (que muitas vezes são primos de primeiro grau) devem manter contato mínimo. Eles só poderão estabelecer uma relação mais intíma (e nem estou falando como namorados) após o casamento. Pelo menos hoje em dia eles podem trocar mensagens por celular ou pelo facebook para melhor "se entenderem", me disse uma paquistanesa. Ainda hoje muitos noivos se veem pela primeira vez no dia de casamento. 

Os casamentos arranjados são mais do que comuns por aqui. E ninguém esconde isso. É a costura social tradicional do país. Espera-se que os pais casem suas filhas e filhos, garantindo o futuro da própria família. Essa é a regra inclusive entre as classes mais abastadas, cujos filhos são mandados para estudar nas melhores universidade da Inglaterra e dos Estados Unidos e depois retornam prontos para o casamento. Se um filho ficou "solteirão", a culpa é dos pais. Uma menina de 24 anos, empregada e com diploma universitário, me disse que os pais arrajaram o casamento dela com um primo-irmão que ela conheceu quando era pequena. Ela disse que não queria casar com ele, mas que não havia outra possibilidade. "O que eu posso fazer? Não tem outra pessoa na minha vida", ela me disse...

E o que dizer depois disso? Meu espanto deve ser tão grande quanto o dos paquistaneses ao ouvirem que no Brasil é comum morar junto antes de casar.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Um passeio de balão pela Capadócia

O ponto alto da visita à Turquia foi sem dúvida a viagem à Capadócia (os turcos dizem CapadóQUIA), em especial o passeio de balão. A Capadócia é uma região com um geografia vulcânica muito peculiar e foi muito interessante perceber que as cavernas estavam incorporadas aos vilarejos, com muitos estabelecimentos, inclusive casas, ainda nas famosas cavernas (eu imaginava que as cavernas estariam mais afastadas das cidades, num parque nacional ou algo do gênero). Passamos dois dias em Goreme, que fica bem no centro onde estão as melhores atrações e deu para ver bastante coisa. O tempo estava perfeito (sol, temperatura boa, embora frio). Como tinha nevado na semana anterior, vimos muita neve nas montanhas, foi bem bonito.

O passeio de balão foi incrível e é absolutamente imperdível. Acordamos cedo, saímos do hotel ainda na escuridão e vimos o amanhecer do balão. Subimos até uns mil metros, foi lindíssimo e muito tranquilo. O único susto foi na aterrissagem, em que a cesta quase virou, mas no fim deu tudo certo.





quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

De volta à realidade

Então, depois de Istambul, foram duas semanas de casa cheia aqui em Islamabade com meu pai e a minha madrasta. Ficamos um pouco prejudicados pelo tempo (choveu muito no primeiro final de semana em que eles estavam aqui e mal conseguimos sair de casa), mas acho que deu para aproveitar e matar a saudade, mesmo que eu não tenha conseguido acordar às 6h da manhã em nenhum dos dias para tomar chimarrão com o pai... Aliás, o pai ficou particularmente impressionado com as diversas pessoas andando amontoadas numa mesma moto. Eu já estou acostumada com essas cenas de horror (quatro homens adultos numa mesma moto!), mas é realmente chocante ver uma mulher andando na carona da moto, sem se segurar e ainda carregando um bebê! Coisa normalíssima por aqui. Essas mulheres paquistanesas são equilibristas, só pode...

Aqui em Islamabade, fizemos o básico, incluindo a Mesquita Faisal que, embora seja muito bonita, empalidece na comparação com a história das mesquistas turcas. Fomos também a Lahore, onde vimos a famosa cerimônia na fronteira com a Índia e mais uma vez me impressionei com a coisa toda, apesar de ser meio brega e sem sentido, pelo menos é algo muito autêntico e é muito bom ver pessoas felizes, gritando e dançando, batendo palmas. Já imaginaram uma cerimônia assim em Uruguaiana com os argentinos? Ia ser mega divertido!

Nessa foto aqui embaixo estamos nos Jardins de Shalimar, que estavam meio caidinhos, mas valeu a visita. Os jardins foram construídos em Lahore em 1641 e dá para imaginar a beleza que eram no apogeu do Império Mughal (ou mogol).




segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mesquita Azul

Embora a Hagia Sophia impressione muito, o prédio que eu mais gostei em Istambul foi a Mesquita Azul, que fica exatamente na frente da Hagia Sophia e foi construída pelos otomanos para rivalizar com a antiga igreja bizantina. Ao contrário do que acontece aqui no Paquistão, a entrada na mesquista é super tranquila, inclusive para mulheres. Eu e a minha madrasta cobrimos o cabelo, mas muitas mulheres estavam sem véu (o que até achei desrespeitoso uma vez que havia sinais dizendo que era necessário usar o véu). Por dentro a mesquita é muito acolhedora. Não é tão imponente e alta quanto a Hagia Sophia, mas impressiona de uma forma diferente.