segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Segunda com cara de domingo em Islamabade

Nesse final de semana eu fiz algo que ainda não tinha feito desde que cheguei no Paquistão: dirigir. Eu resolvi me aventurar pelas ruas de Islamabade. Aqui usa-se a mão britânica (como em boa parte da Ásia), mas como o carro é automático, consegui escapar do maior problema que seria trocar de marcha com a mão esquerda. Eu não dirigia desde maio, ainda em Brasília. É o período mais longo que fiquei sem dirigir desde que tirei carteira, nos idos de 2001. Depois de alguns tropeços iniciais (tive dificuldades para ligar o carro, que funciona sem chave, e num determinado momento eu cheguei a ter um pé no acelarador e outro no freio, o que, obviamente, não faz o menor sentido!!!). Mas a boa notícia é que sobrevivi, e o carro também.

Dirigir pelas ruas de Islamabade é relativamente tranquilo, principalmente na comparação com Lahore, mas, como tudo nesses país, as regras escritas não valem muito não. O carro que chegar primeiro no cruzamento passa, os outros esperam, vão aos poucos se intrometendo, até conseguirem passagem também. Mesmo com pouco movimento não é incomum ver um cruzamento com carros parados no meio da pista, em todas as direções. Também são poucos os semáforos e, em geral, mesmo nos cruzamentos com semáforo, os carros que fizerem conversão à esquerda podem passar livremente. Ou seja, tudo é uma questão de negociação, o que, em geral, vale para quase todos os aspectos culturais, políticos e sociais em voga no Paquistão (e talvez no Sul da Ásia?).

Hoje a semana começou parecendo domingo. Em função de uma marcha de um partido político em direção a Islamabade, a cidade praticamente parou. Estou em casa, sem trabalhar. Até os serviços de telefone celular foram desligados (o governo acredita que isso ajuda a conter possíveis atentados terroristas e, por isso, esses cortes acontecem com certa frequência). O acesso a Islamabade está ainda mais restrito, com muitas estradas fechadas. Sumiu gasolina e gás veicular nos postos. Os problemas de energia também continuam: sem gás para cozinhar no horário da janta, sem eletricidade por duas ou três horas todos os dias, sem calefação tarde da noite (quando volta o gás do fogão, acaba o gás da calefação). Pelo menos não tem feito tanto frio à noite (logo depois do Ano Novo, estava fazendo por volta de zero grau de madrugada) e a neblina pela manhã acabou, o que provavelmente significa que minha viagem à Istambul em alguns dias não será afetada!

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